15 de janeiro de 2010

Lingerie e seu fetiche.


Carpe Diem by Jacqueline - O poder da Lingerie


Quando pensamos em fetiche, o que nos vem à mente são roupas de couro e borracha; lingeries, mais especificamente espartilhos, cinta-ligas e meias; botas bizarras e saltos altos. Segundo a psicanalista Heloísa Caldas, "o fetiche veste o corpo para lhe dar valor e beleza. Funciona, portanto, sempre como um véu - cobre e esconde a condição mortal da carne - e isto é necessário para desejar, para que o esforço da vida valha a pena".
Lingerie são as várias peças de baixo usadas pelas mulheres. Algodão puro ou seda, o feitiço dessas peças desperta a curiosidade e o desejo de muitos. Calcinhas, espartilhos, sutiãs, cintas-liga e meias formam um capítulo à parte na história da moda e as transformações que essas peças sofreram ao longo do tempo acompanharam o entender do homem pelo mundo, e sua relação com os tabus e determinações culturais e sociais.
A psicanalista Regina Navarro conta em seu site (www.cama-na-rede.psc.br) que no século 19, a alfaiataria desenvolveu o ideal de elegância baseada no seguinte conceito geométrico: o sexo H era o ideal masculino, em se tratando da verticalidade e sobriedade, dos ombros aos pés. Já a mulher deveria se manter na forma do X, com cintura estreita, bustos e quadris fartos, talvez por chegar próximo de seu papel materno. Esse ideal veio do Renascimento e por pouco não chegou no século passado. Muitas foram as mulheres que tiveram sérios problemas de saúde e algumas até mesmo morreram asfixiadas. Afinal, não deve ser nada fácil atender à obrigação de ter cinturinha de vespa.
Foi apenas no século 20, com a mulher moderna e ativa, que a lingerie se tornou fórmula para tanto desejo. Claro que presença da comunicação de massa, principalmente do cinema, ajudou - e muito - na criação desta aura com clima de sedução e fantasia. Nesse meio tempo, houve quem desse um intimado aos sutiãs, como aconteceu com a geração de 60, que os queimou em praça pública, um ícone da liberdade feminina. Nos anos 80, com a autonomia e determinação bem mais claras, a indústria têxtil de lingerie chegou a vender mais do que outros itens do guarda-roupa. Era o surgimento dos diferentes modelos, cores, tamanhos e materiais, abrindo portas à imaginação ao estilo e fetiche de cada um.

Sexo, fetiche e moda


Roupa é, quase que por definição, a linguagem do corpo. E por isso, consiste num diálogo permanente com o mundo que nos cerca. A primeira assimilação entre o nu e o pecado é na história de Adão e Eva, quando o sexo aparece como sinônimo de pecado. Esse tabu acompanhou a humanidade, sempre valorizando a obsessão por se manter todas as possíveis e imagináveis partes do corpo escondidas. É nos idos do século 16 que a ousadia começa a entrar em cena com corpetes, chapéus, golas, sapatos. Ainda assim mantinha-se o intuito de esconder os segredos do corpo feminino - só que o enigma começava a ser instaurado. E junto com o enigma, o desejo crescia.
Fazendo uma ponte para a realidade nossa, podemos observar as proporções tomadas pelo tal enigma. Nos anos 60, tivemos seriados de televisão como Os Vingadores, no qual Diana Rigg fazia o papel de uma mulher poderosa e sensual chamada Emma Peel, que usava botas bizarras e um macacão de couro estilo catsuit (fantasia felina). Trinta anos depois Michelle Pfeiffer dá provas de perfeito entendimento com o assunto em "Batman - O Retorno".
Em termos de estilo mais propriamente dito, uma das mais importantes referências para o fetiche é Jean Paul Gaultier. Inesquecível o espartilho criado para Madonna em sua turnê "Blonde Ambition". E o estilo correntes e coleiras dos punks acabou sendo adaptado pelo visual moderninho de alguns gays clubbers.
Já no lado mais grotesco do fetichismo, o do erotismo perverso e sado-masoquista é também fetichismo chique presente no ensaio fotográfico de Helmut Newton (veja livros do gênero na Taschen).

Mas o erotismo e a sensualidade na sociedade ocidental não são somente em função de um objeto. A ausência de algo, um cheiro, um pensamento também são considerados fetiche, pois também motivam e induzem ao prazer. Por exemplo, quando perguntaram para Marylin Monroe o que ela usava para dormir e ela repondeu "duas gotas de Channel n.5". Ou ainda quando Brooke Shields em um filme publicitário marcou o erotismo quando dizia que "entre ela e seu jeans não havia nenhuma outra pecinha".


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